Em um momento de adversidade, a parceria musical que catapultou os Rolling Stones ao estrelato foi reformada. Deixados a sós, Mick Jagger e Keith Richards uniram-se para criar um dos melhores registros da era moderna da banda. O diagnóstico de câncer na garganta do baterista Charlie Watts alterou drasticamente a dinâmica do grupo, que até o lançamento de A Bigger Bang, em 5 de setembro de 2005, trabalhava de forma fragmentada, com Jagger e Richards desenvolvendo suas ideias musicais separadamente antes de se encontrarem no estúdio.
O processo criativo de A Bigger Bang foi um retorno às origens. Jagger e Richards compuseram e gravaram as primeiras versões das músicas sozinhos, com ambos assumindo o baixo e Jagger até mesmo tocando bateria em algumas faixas. A regra era clara: manter a simplicidade. O resultado foi um conjunto de canções enérgicas, despidas do brilho excessivo que marcou álbuns mais recentes, e repletas do sentimento que impulsionou seus melhores trabalhos. A colaboração próxima, segundo Richards, foi fundamental para o sucesso do álbum, provando que o método de composição à distância que adotaram após Exile on Main Street não era o único caminho.
Com o retorno de Charlie Watts, cujas faixas de bateria retrabalhadas deram o toque final ao álbum, o som da banda foi redescoberto. Ron Wood contribuiu com seu característico slide em algumas faixas, mas a essência musical permaneceu crua e direta, muito mais alinhada a LPs como Some Girls de 1978 do que a experimentos modernos como Bridges to Babylon. Com participações externas mínimas, o álbum tornou-se um sucesso internacional, alcançando o Top 5 e recebendo disco de platina. Keith Richards resumiu perfeitamente o espírito do trabalho, descrevendo-o como o retorno dos Stones em sua forma mais pura, um retorno que foi, sem dúvida, muito bem-vindo.






